segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Iuri Wander #5: Hilda Hilst ou o espírito da coisa













Hilda “Furacão”

Domingo, penúltimo dia de festival, convidei uma amiga pra ir ao show da Ute Lemper e ela disse que já tinha ingresso pra ver Hilda Hilst. Botei na balança os dois espetáculos. Último tango em Berlim no teatro do SESI com ingressos esgotados, uma das poucas oportunidades pra ver um show desse nível com milhões de pessoas por lá ou Hilda Hilst no teatro do SESC com bem menos gente e a companhia da minha amiga? Fui ao teatro do SESC com dúvidas de arrependimento. No fim, me surpreendi! Com o espetáculo, é claro.

Sem conhecer nenhuma das inúmeras obras desta escritora brasileira, me senti um ignorante. Hilda Hilst (1930-2004) tem uma história e tanto. Nascida em Jaú, São Paulo, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1948, saindo de lá em 1952 formada. Em 1966 mudou-se para a Casa do Sol, uma chácara perto de Campinas, onde hoje funciona o Instituto Hilda Hilst – Centro de Estudos Casa do Sol [http://www.hildahilst.com.br/]. Durante quase cinquenta anos escrevendo, Hilda recebeu os mais importantes prêmios literários do Brasil.

O espetáculo é uma biografia/homenagem que deu o prêmio APCA de melhor atriz, em 2009, para Rosaly Papadopol. Merecido. Preenchendo todo o espaço do palco com uma atuação de luxo, a atriz conversa com a plateia em vários momentos e consegue, com seu carisma, prender a atenção do público, alternando altos e baixos, risos e choros. O cenário é simples: uma árvore sem folhas, duas mesas, uma máquina de escrever (pouco utilizada), alguns livros e uma garrafa de vinho ou whisky. A voz em off de um dos maiores diretores do Brasil, Antonio Abujamra, no papel do pai de Hilda, da um ar sutil de respeito hierárquico.

O resultado é muito positivo. Acredito que mais pessoas, como eu, nunca tinham ouvido falar de Hilda Hilst e puderam saber um pouco da história desta escritora, despertando o interesse de procurar mais sobre essa grande mulher de personalidade forte.

Um comentário:

Anônimo disse...

É impressionante como nos sentimos assim quando descobrimos que um autor ou compositor criou maravilhas em outras épocas e não sabíamos ou somente viemos a saber mais tarde. É como descobrir Clarisse Lispector! Você 'fala', 'fala' e 'fala' para os alunos que vale a pena, mas eles somente se indignam depois de lerem, de não ter lido antes.

Um abraço e boa semana!

: )

Daubi