quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dilmar Messias: Dois é show - Adriana Partimpim


Foto: Mariano Czarnobai / PMPA

Dois é show

Imediatamente aceitei o convite do Rodrigo para escrever neste Blog sobre o show da Adriana Partimpim. Até porque, neste ano, não tenho sido tão assíduo ao festival como no ano passado, pela correria deste setembro. Mas, ao blog, sempre sobra um tempo para dar uma espiada, o que ajuda na decisão e frustra na constatação da perda. Pois o convite serviu, então, como pretexto para largar tudo e ir ao Teatro do Bourbon Country, assistir ao Dois é show, o espetáculo de lançamento do disco Partimpim Dois, vencedor da categoria Disco Infantil do 1º Prêmio da Música Brasileira, que aconteceu no Rio de Janeiro, no mês passado.

Devo ter assistido senão a todas, a quase todas as apresentações de Adriana no POA em Cena. E, nos últimos anos acabei convivendo diariamente com o Partimpim. Não sou de ficar dependurado em lançamentos ou sucessos, mas fico escutando vários interpretes e, no final das contas, acabo sempre voltando aos mesmos. Mas a Débora, minha mulher, me apresentou este Partimpim primeiro e acabei me encantando. Todos sabem do fascínio que este mundo infantil tem exercido na minha vida e no meu trabalho, então, fiquei amarrado durante alguns meses no Oito Anos, Fico Assim Sem Você, Saiba, Lig Lig Lé, Ciranda da Bailarina, que carregam este universo de delicadeza, que é o jeito e a voz da Adriana Calcanhoto.

Como a Débora estava viajando, fomos eu e a minha neta Gabriela e, quando entramos no teatro, no escuro, ao som dos primeiros acordes, a sua agitação infantil da era da velocidade serenou. Adriana cantou todos os Partimpins, conforme o prometido, para o deleite de uma plateia ligadíssima de baixinhos e altinhos. A movimentação da cena ficou por conta da versatilidade da intérprete e dos ótimos músicos que a acompanham, pois, ao se revezarem nos vários instrumentos e executarem exóticas percussões acústicas e eletrônicas como travessura, criavam divertidas e originais coreografias . A fluência só não foi completa pelo incompatível peso dos adereços. Em compensação, a luz e a cenografia foram certeiras.

A esta altura, Gabriela já tinha recuperado a sua conhecida vitalidade, certamente, estimulada pela brejeirice do clima. Para arrematar, Adriana cantou, inspirada, Gatinha manhosa, de Roberto e Erasmo, e O homem deu o nome a todos os animais, de Bob Dylan, com versão de Zé Ramalho. E acho que foi por causa da interpretação singular do Trenzinho do caipira, de Villa-Lobos e de Ferreira Gullar, que nos perdemos no estacionamento do Shopping, depois de aplaudirmos entusiasmados, num fim de tarde, o Dois é show de Adriana Partimpim, um espetáculo feito para agradar gregos e troianos como eu e Gabriela.


*

Criação: Adriana Partimpim / Direção: Adriana Partimpim e Leonardo Netto / Direção de palco: Jorge Ribeiro / Direção de arte: Luiz Henrique Sá / Guitarras e coro: Davi Moraes / Guitarra, Baixo, Pandeiro, Surdo e Coro: Moreno Veloso / Baixo, Baixo Synth e Coro: Alberto Continentino / MPCs, Percussões, Escaleta e Coro: Domenico Lancelotti / Bateria, Percussões acústicas, eletrônicas e Coro: Rafael Rocha / Figurino: Marcelo Pies e Danielle Jensen / Adereços: José Maçaira e Luiz Amadi /Cenário: Hélio Eichbauer / Iluminação: César de Ramires / Produção executiva: Suely Aguiar / Produção: Hiromi Konishi / Administração: Claudia Moog / Duração: 1h30min / Classificação: livre


*

Dilmar Messias é diretor do Circo Girassol.

Nenhum comentário: