segunda-feira, 26 de julho de 2010

Reglas, usos y costumbres

Um aviso:
 

... se você, às vezes, duvida da roupa adequada para um casamento, para um funeral ou para um batismo, se não sabe como deve chamar o seu filho, ou de que maneira usar os talheres, deve conhecer “Regras, usos e costumes na sociedade moderna”. E se não tem essas dúvidas e leva esses conhecimentos para vida prática, então, deves conhecer essa obra para entender para o quê essas regras servem.

Jean-Luc Largarce (1957-1995) é o dramaturgo contemporâneo mais representado na França e um dos de maio projeção mundial. Suas vinte e cinco obras dramáticas foram traduzidas em mais de vinte idiomas e representadas em vários países. Reglas, usos y costumbres em la sociedad moderna expressa um olhar irônico do Manual de Boas Maneiras, escrito pela Baronesa Blanche Staffe, em que se fica exposto que as boas maneiras não são um assunto menor. Sobretudo, há a reflexão sobre a cultura ocidental e a vida contemporânea com todas as suas contradições. Ao tratar sobre a boa convivência, estabelecendo, por vezes de forma impositiva, as normas muitas vezes rígidas e intransigentes, demonstram a frivolidade das pessoas ao presumir decência. A Dama incorpora a sociedade ideal, essa que é ajustadas às formas, que tem como modelo a sociedade francesa, utilizada como exemplo em muitos dos seus tópicos burgueses. É um personagem que recorre todos os caminhos da vida, sempre como expectadora e intérprete de si mesmo, até que suas próprias formas a engulam. Nas palavras do autor, 

uma sociedade, uma cidade, uma civilização que renuncia a parte de imprevistos, suas dúvidas, sua desenvoltura. Uma sociedade que se contenta a si mesma que se deixa levar pela contemplação mórbida e orgulhosa e sua própria imagem... Uma sociedade magnífica, considerando que assim que se nela crê, sendo também a única que realmente se compreende. Uma sociedade morta.

Em um sarau literário franceês, o personagem de uma Dama, inspirada na figura da baronesa Blanche Staffe, oferece uma reunião sobre o comportamento correto na sociedade. Como uma espécie de detentora da tradição, ela detalha com precisão as diferentes regras que devem ser respeitadas na organização das principais cerimônias que marcam a vida: batismo, noivado, casamento, bodas de prata, de ouro e enterro. Obcecada por assegurar o exaustivo respeito à estética oficial em todas as suas variantes, ela expõe comentários pessoais, amargos ou poéticos, como se quisesse apropriar-se do jogo da vida, controlar-lo, reconhecer-se como espelho do mesmo. No fundo, talvez, ela nos conta o fracasso da vida organizada, da previsão, da construção da felicidade por meio das aparências. O que vemos é o temor do imprevisto, da imprecisão, da desordem.

O termo “sarau” se associa ao de reuniões literárias e filosóficas francesas dos séculos XVII e XVIII. Tratava-se de uma reunião que se celebrava em casa de um anfitrião. Sua finalidade era a de desfrutar da companhia amena, refinar o gosto e ampliar conhecimentos mediante a conversação e a leitura. Pouco a pouco, ocorria a definição dos fins da poesia do poeta clássico Horácio: agradar e educar (aut delectare out prodesse est). Ainda hoje sua prática permanece em todo o mundo.

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De: Jean Luc Lagarce / Tradução: Fernando Gomez Grandes / Adaptação: Ernesto Calvo / Direção: Ernesto Calvo / Elenco: Gerardo Begérez / Figurino: Mario Perez Tapanes / Iluminação: Javier Garcia / Duração: 1h / Classificação: 16 anos

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