sexta-feira, 9 de julho de 2010

Palavras do Coordenador Geral


Novo de Novo

Chegamos à décima sétima edição do festival, dezessete anos de pura adrenalina, número que explica, parcialmente, a trajetória ascendente e consolidada do “Em Cena” no panorama das artes cênicas do Brasil. Ao longo do tempo, com efeito, aprendemos a fazer um festival de teatro atendendo a todas as demandas das partes envolvidas - com presteza, respeito e vontade de acertar. Não só os grupos convidados são merecedores da nossa atenção. Também o público e a classe artística local são alvos da nossa atenção. Ano após ano, queremos aprimorar a prestação de serviços para que todos saiam satisfeitos, nossos convidados e nossa plateia crescente. Apenas a longevidade não explica, porém, a empatia e o espaço conquistado pelo festival no coração dos gaúchos. Porto Alegre, a cada ano, responde com mais entusiasmo à nossa convocação. Aos patrocinadores fiéis, somam-se anualmente, para nossa alegria e alívio, novos parceiros – o que permite que a programação cresça e ofereça espetáculos cada vez mais requintados e surpreendentes. Sempre com o suporte da Secretaria Municipal de Cultura, e sob a descrença de muitos, conseguimos consolidar um evento de porte internacional na nossa amada capital.

A receita de um bom festival é sempre a mesma: misturar tradição e modernidade, nomes consagrados com talentos emergentes, espetáculos precedidos de críticas elogiosas com obras praticamente desconhecidas da crítica, produções grandiosas com trabalhos de simplicidade comovente, teatro, dança e música, tudo misturado sem preconceito de nenhuma espécie. A qualidade e a provocação artística ainda é o mote que nos leva a ter um entusiasmo crescente com o festival. Tantos anos depois, não estamos cansados, desgastados, fazendo o festival por obrigação ou para ganhar um salário no final do mês. Continuamos a fazer o “Em Cena” com gás de adolescente para conectar o mundo a Porto Alegre e Porto Alegre ao mundo. Muito mais do que um desfile de boas atrações, o festival é hoje um cartão-postal da cidade, a mostrar nossa inquietação, vocação e preparo para receber e realizar grandes eventos. E é isso que assumimos sem temor: o risco de realizar um evento de repercussão internacional. Ousando. Arriscando. Propondo.

Durante esse período, sempre houve vozes discordantes em relação à necessidade de um evento anual dessa grandeza, tentando negar o óbvio, relativizando a importância local de recebermos aqui os maiores nomes da cena contemporânea. Esses, por indiferença ou por miopia, querem patinar na mesmice e na estagnação. Discordei e discordo cada vez mais, ainda hoje, dessa visão. Talvez não se dêem conta da importância de ver, ao vivo e a cores, algumas das produções mais incensadas da cena mundial, confortavelmente sentados nas poltronas dos teatros porto-alegrenses. Talvez se sintam desconfortáveis, reconhecendo a repercussão conseguida pelo festival. Mas basta olhar para ver: há toda uma geração de criadores cênicos que começou a trabalhar depois do “Porto Alegre em Cena”, recebendo a influência direta dessa programação de excelência em suas próprias histórias de vida. O público, por sua vez, elevou seu padrão de exigência e de expectativa. Todos nós, ao termos acesso a esses espetáculos, nos transformamos como cidadãos e artistas, nosso padrão estético se transforma, nosso gosto se depura e, claro, a produção local reflete tudo isso. Esse é um dos aspectos mais importantes do festival. Mas há outros, relevantes e fundamentais: apostar num preço muito abaixo do mercado - facilitando o acesso de todos à programação oferecida, levar espetáculos a todas as regiões descentralizadas da cidade, oferecer oficinas, palestras e debates de altíssimo nível, gratuitos, incrementar o fluxo turístico de Porto Alegre são motivos de orgulho e que complementam as ações oferecidas pelo festival.

O que gosto mesmo é quando o público, embevecido, vem nos cumprimentar e agradecer. Aí me dou conta da verdadeira importância do “Em Cena”. Aí tudo vale a pena. E me dou conta de que a grande novidade, respondendo à pergunta infalível que a imprensa me faz a cada edição, é essa: temos espaço totalmente consolidado no circuito dos grandes festivais mundiais, não precisamos mais sonhar em ver espetáculos de primeira grandeza visitando nossa cidade - pois eles já nos visitam, sabemos atender as demandas técnicas mais exigentes dos melhores grupos do planeta, há pessoal qualificado em Porto Alegre fazendo um festival exemplar. E é assim, agradecendo a confiança do Sérgius Gonzaga e da Ana Fagundes, que comandam a SMC, e a equipe que, todos os anos, realiza o “Porto Alegre em Cena” - com dedicação, entusiasmo e perseverança, que encerro o meu depoimento, desejando a todos que elejam o “seu” festival de acordo com seus gostos e preferências. Há de tudo para todos: teatro, dança e música pra deixar a cidade mais feliz e encantada, muito além do período em que acontece o festival.

Que venham as filas, as lotações esgotadas, o entusiasmo febril, a correria, o encantamento, as críticas e as discussões: o “17º Porto Alegre em Cena” vai abrir todas as suas cortinas. Aproveitem!

LUCIANO ALABARSE
Coordenador Geral

Nenhum comentário: